
Evidentemente, policia não funciona sem hierarquia. Há, contudo, clara distinção entre hierarquia e humilhação, entre ordem e perversidade.
Em muitas academias de policia (é claro que não em todas) os policiais parecem ainda ser“adestrados” para alguma suposta “guerra de guerrilhas”, sendo submetidos a toda ordem de maus-tratos (beber sangue no pescoço da galinha, ficar em pé sobre formigueiros, ser “afogado” na lama por superior hierárquico, comer fezes) são só alguns dos recentes exemplos que tenho colecionado a partir da narrativa de amigos policiais, em diversas partes do Brasil.
Por uma contaminação da ideologia militar (diga-se de passagem, presente não apenas nas PMs, mas também em muitas policias civis), os futuros policiais são, muitas vezes, submetidos a violento estresse psicológico, a fim de atiçar-lhes a raiva contra o “inimigo” (será, nesse caso, o cidadão?).
Essa permissividade na violação interna dos Direitos Humanos dos policiais pode dar guarida à ação de personalidades sádicas e depravadas, que usam sua autoridade superior como cobertura para o exercício de suas doenças.
Além disso, como os policiais não vão lutar na extinta guerra do Vietnã, mas atuar nas ruas das cidades, esse tipo de “formação” (deformadora) representa uma perda de tempo, geradora apenas de brutalidade, atraso técnico e incompetência.
A verdadeira hierarquia só pode ser exercida com base na lei e na lógica, longe, portanto, do personalismo e do autoritarismo doentios.

A hierarquia é fundamental para o bom funcionamento da policia, mas ela só pode ser verdadeiramente alcançada através do exercício da liderança dos superiores, o que pressupõe práticas bilaterais de respeito, competência e seguimento de regras lógicas e supra pessoais. (…)
Texto extraído da Apostila de Direitos Humanos TREZE REFLEXÕES SOBRE POLICIA E DIREITOS HUMANOS– Conexão Cidadania – p. 12 e 13 – Dr. Ricardo Balestreri – SENASP/EAD
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