A Polícia Civil confirmou, nesta quarta-feira, que a jovem de 24 anos que foi encontrada em cárcere privado em uma casa em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, não tem parentesco com a mulher que a registrou como filha, Neli Maria Neves, 53 anos. A aposentada é investigada pela polícia mineira por supostamente ter sequestrado a jovem ainda bebê e a mantido em cativeiro durante 23 anos. Segundo a delegada Cristina Coeli, chefe da Divisão de Proteção a Pessoa Desaparecida, a jovem era mantida dopada com medicamentos psicotrópicos e trancada em um dos cômodos da casa.
"São 23 anos de exploração, isso precisa ser apurado", disse. A delegada informou nesta tarde que ainda não possui maiores detalhes da investigação, mas antecipou que a jovem, que teria problemas mentais, fazia movimentações financeiras e era proprietária de vários bens da família da suposta sequestradora. "É curioso como uma jovem com problemas mentais pode comprar e vender imóveis", disse.
A polícia chegou até a suspeita depois da divulgação de um retrato falado de Neli, que teria sequestrado outra criança no dia 7 de agosto deste ano. Stéfany Rodrigues Barbosa, 7 anos, foi levada de uma feira de artesanato em Contagem. Segundo a delegada, com a divulgação do retrato da mulher e a repercussão na mídia, Neli devolveu a criança três dias após o crime. "Ela se modificou fisicamente, cortou o cabelo fez franja", afirmou.
A menina esteve na delegacia acompanhada da mãe nesta tarde e reconheceu a suspeita, que, segundo ela, se apresentou com o nome de Conceição. Stéfany contou à polícia que a jovem de 24 anos permanecia trancada no quarto. A delegada disse que, em ambos os casos, as crianças foram registradas com os nomes dos sequestradores em cartórios de cidades da região metropolitana de Belo Horizonte. "O documento em si no cartório era válido, mas a declaração de parentesco oferecida no documento era falsa", afirmou.
A jovem de 24 anos está sob custódia da Polícia Civil e será submetida a exames psicológicos. Neli Maria Neves está presa no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp), da região centro-sul de Belo Horizonte. Ela deverá responder pelos crimes de sequestro, cárcere privado e falsidade ideológica. Até as 21h, seis pessoas haviam sido ouvidas.
Segundo informações do Jornal Nacional, o marido de Neli, Jair Narcizo de Lacerda, também foi preso pela susposta participação no sequestro. O nome dos dois constava na certidão de nascimento falsa da menina de 7 anos, emitida dois dias depois de ela ser levada. Ainda de acordo com o telejornal, a mãe verdadeira da jovem de 24 anos já foi identificada.
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